O centeio, a par da batata, sempre foi a base do sustento
dos transmontanos. Recordo-me de histórias tristes de fome e amargura, dos
tempos da guerra civil espanhola em que o preço de um pão de centeio era
equivalente à jorna de um trabalhador agrícola. Era também comum hipotecar as
colheitas de forma a conseguir aprovisionar bens ao longo do ano. Muita gente
havia que ficava sem o centeio logo depois das malhadas, como pagamento das dividas
acumuladas.
No entanto, sempre havia o que chegava à masseira, onde mãos
hábeis o transformavam numa iguaria que tende a desaparecer.
Da farinha proveniente dos grãos de centeio, depois de
amassada, fingida e levedada, se fazia o pão.
Nesta fase, havia uma reza que acompanhava o processo:
São João te faça pão
São Vicente te
acrescente
São Mamede te levede
Em honra de Deus e da
Virgem Maria
Um Pai Nosso e uma Ave
Maria
Posteriormente, o pão era metido no forno. Depois de fechada
a entrada do forno, outra reza tinha lugar:
Cresça o pão no forno
Paz para o mundo todo
Em honra de Deus e da
Virgem Maria
Um Pai Nosso e uma Ave
Maria
Era assim e, na verdade, ainda muito assim se mantém.
Armando Sena
Centeio que data antes da cultura da batata que chegou há pouco tempo no século XV, assim um conhecimento da panificação muito antigo, dando este resultado quase divino... !
ResponderEliminarSaudações Rio Livre